Prefácio de Leonor Tenreiro
(Escritora / Formadora)
O primeiro contacto que eu tive com “Pedra, Papel ou Tesoura?” foi como ouvinte, através da leitura desta história num grupo que se encontrava semanalmente para escrever para crianças.
Se já na altura me cativara, após uma leitura atenta, parecia estar a ouvir conversas de vizinhos. E isto da vizinhança tem muito que se lhe diga! Pode ser prestável e cúmplice, mas também pode resvalar na inveja ou na indiferença. Às vezes, revela mesmo os dois lados. Não fossemos nós, pessoas, tão parecidas de tão diferentes!...
Em “Pedra, Papel ou Tesoura?” os objetos têm voz de gente, com vontades, inseguranças, humores e manias. Este livro é feito para quem tem “telhados de vidro” (e não é que há um telhado assim na história!?), focando questões muito sérias, como o valor de cada um (ou de cada coisa), a competição a que estamos sujeitos e a que nos sujeitamos, e a importância de saber perder ou ceder o espaço ao Outro.
Como em arrufos entre amigos, há sempre alguém de fora que vê melhor o que se passa lá dentro, com maior distanciamento e sensatez. E Lia C., por entre diálogos divertidos, trocadilhos deliciosos e piscadelas de olho aos leitores, guia-nos nessa mudança de perspetiva, com muita leveza.
Depois desta leitura, o jogo que dá título ao livro, e até uma feijoada, vão saber ainda melhor! Provem e verão!